Um profissional da área de criação que trabalha de modo independente (freelancer) consegue inovar em seus projetos “sozinho”? Vou tentar responder essa questão com a minha visão sobre o assunto. De antemão já posso afirmar, com toda a certeza, que é impossível inovar trabalhando 100% sozinho em um projeto! Precisamos da colaboração de outras pessoas no projeto: empresa (não somente no briefing), outros profissionais e cliente final.
Você sabe o que é Design Thinking?
Vou explicar de forma resumida!
“Design Thinking é essencialmente um processo de inovação centrado em aspectos humanos, cujos métodos como observação, colaboração, conhecimento, visualização, prototipagem e análises incitam a inovação e delineiam as estratégias empresariais promovendo, assim, a decisão sobre o que deve ser produzido.” – Ellen Kiss
Segundo Tim Brown, CEO da IDEO, “Design Thinking é uma abordagem que utiliza a amplitude de pensamento do designer e métodos para resolução de problemas, para atender às necessidades das pessoas de um modo tecnologicamente viável e comercialmente viável. Em outras palavras, o pensamento centrado no ser humano é a inovação.”
A proposta do Design Thinking é sustentada por três pilares essenciais, que nos ajudam a compreender os problemas, lidar com os obstáculos, analisar e experimentar novas soluções:
Empatia: o primeiro e principal pilar do Design Thinking
Colaboração: co-criação como soma de experiências
Experimentação: o aprendizado pela prática
O Design Thinking busca diversos ângulos e perspectivas para solução de problemas, priorizando o trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares em busca de soluções inovadoras. Dessa forma, busca-se “mapear a cultura, os contextos, as experiências pessoais e os processos na vida dos indivíduos para ganhar uma visão mais completa e assim, melhor identificar as barreiras e gerar alternativas para transpô-las”.
O freelancer pode apoiar-se na proposta do Design Thinking pra desenvolver os projetos? Sim!
Como citei anteriormente, o Design Thinking prioriza o trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares. Mas isso não te restringe ao trabalho em um escritório de criação com um time de pessoas com diferentes especializações funcionais. Por outro lado, te força a ser comunicativo e ter uma boa relação com pessoas que possam contribuir para o projeto. Lembre-se estou apenas apoiando-me nos preceitos básicos do Design Thinking!
Na fase de imersão, onde identificamos e nos aproximamos dos diversos aspectos e contextos de um problema – tanto do ponto de vista da empresa (o cliente), quanto do usuário final (o cliente do cliente). A comunicação é primordial nessa etapa do projeto, pois nos fornece o entendimento inicial do desafio; a segunda identifica necessidades e oportunidades que guiarão a geração de soluções na fase seguinte do projeto. Entrevistas, observações e opiniões de outras pessoas da área ajudam a abrir o leque de possibilidades.
A fase de ideação! É onde o freelancer tem mais dificuldade em gerar possibilidades para inovar. Nesse ponto preciso explicar um pouco o que é inovação:
“Inovação é o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos.” – Francati Manual: Proposed Standard Practice for Surveys on Research and Experimental development.
As inovações podem ser classificadas em dois grandes grupos:
Inovação Radical: este tipo de Inovação caracteriza-se pela incessante busca, por parte da organização que a leva a cabo, de rutura e quebra de paradigmas.
Inovação Incremental: caracteriza-se por uma busca de aperfeiçoamento constante e gradual. Por norma as empresas bem geridas são excelentes no desenvolvimento das tecnologias incrementais. Estas melhoram o desempenho dos seus produtos nas formas que realmente fazem a diferença junto dos seus clientes. Também pode ser chamada de Inovação por Processo de Melhoria Contínua.
Agora que sabemos um pouco mais sobre inovação, adelante!
Na ideação (geração de ideias) o freelancer precisa estar atento e muito bem informado sobre o que acontece no mundo, tanto em assuntos de inovação quanto em assuntos sociais. Na etapa de geração de ideias são usadas as ferramentas de síntese criadas na etapa anterior, para estimular a criatividade e construir soluções que estejam de acordo com o contexto do assunto abordado. Para reunir diferentes expertises e perspectivas, outros membros – como usuários e profissionais da área – são convidados a participar. Lembra da parte em que o freelancer tem que ser comunicativo e ter uma boa relação com pessoas? Se o projeto solicitar um conhecimento em uma outra área que não seja a do freelancer, psicologia, por exemplo, ele vai precisar ter uma boa relação ou contratar um psicólogo(a) para poder solucionar de forma assertiva o problema apresentado no projeto. A colaboração é um dos três pilares do Design Thinking! Trazer outros profissionais para o projeto é muito importante para “amortecer” a necessidade de ter uma equipe multidisciplinar.
Nunca se agarre em apenas uma ideia ou solução para o problema!
Fase de Prototipação: é a fase na qual as ideias geradas podem ser validadas e verificadas. O protótipo ajuda a tangibilizar uma ideia, passando-a do abstrato para o físico por meio de uma representação da realidade. Apesar de ser apresentada como uma das últimas fases do processo de Design Thinking, a Prototipação pode ocorrer ao longo de todo o projeto, em paralelo com a Imersão e a Ideação.
Etapa de Implementação: Depois de testados os protótipos, aqueles que melhores se adequarem à realidade do negócio e às necessidades dos usuários (protótipos de alta fidelidade) são aperfeiçoados para serem implementados.
Vamos voltar a pergunta principal dessa reflexão… Um profissional da área de criação que trabalha de modo independente (freelancer) consegue inovar em seus projetos “sozinho”?
Na minha opinião, SIM! Mas nunca deixando de ouvir, entrevistar e buscar todas as informações que estiverem ao seu alcance. E sempre que for preciso solicitar a colaboração de outro profissional com um bom conhecimento em uma área específica! É um esforço que traz bons resultados!
Ah! Ter um bom network e uma boa relação que promove a troca de ideias com profissionais de criação é muito importante para manter-se “fresco” na área. Essa é a minha visão sobre o assunto! Qual é a sua? Acho que a discussão vale a pena.